SAFe: melhoria contínua com agilidade

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O Scaled Agile Framework (SAFe), em português, Estrutura Ágil Dimensionada, é uma metodologia projetada para atender as necessidades das organizações que lidam com projetos complexos e integrados. 

Este framework foi criado em 2011 por Dean Leffingwell e Drew Jemilo. O SAFe é uma evolução da metodologia ágil, que surgiu uma década antes, quando um grupo de desenvolvedores concluiu que as práticas existentes não estavam sendo eficientes.

O Agile se tornou popular entre pequenas equipes, mas as organizações maiores perceberam que precisavam de uma abordagem que acomodasse a complexidade e a escala de seus projetos. Assim, criou-se o SAFe, oferecendo uma solução adaptada a essas demandas.

Segundo o Annual State of Agile Report, um quarto (26%) das organizações entrevistadas utilizam o SAFe como estrutura Agile empresarial, o que o posiciona como a escolha predominante no ambiente corporativo.

Descubra com mais detalhes sobre a estrutura, princípios e alguns desafios que podem surgir ao tentar implementá-lo na sua empresa. 

Estrutura do SAFe

O SAFe é estruturado em três níveis principais: Essential SAFe, Large Solution SAFe e Portfólio SAFe. Confira o que cada um representa:

Os três níveis do SAFe

Essencial SAFe

Este é o nível fundamental, onde se concentram as práticas mínimas necessárias para implementar o SAFe com sucesso. Abrange o nível de equipe (Team Level) e o nível de programa (Program Level), incluindo práticas como PI Planning, iteração e refinamento de backlog

Nível de equipe (Team Level)

Neste nível, as equipes trabalham sob um mesmo propósito e precisam estar integradas para a entrega de funcionalidades. Os times são geralmente autônomos, multidisciplinares e compostos por membros com habilidades complementares, como desenvolvedores, testers, designers e product owners. 

Por exemplo, ao desenvolver um ERP (Enterprise Resource Planning), a equipe de desenvolvimento que trabalha em diferentes módulos, como estoque, finanças e compras, precisa assegurar que cada módulo se comunique de maneira eficiente com os outros. Isso requer coordenação contínua, já que uma alteração em um módulo pode ter impactos significativos sobre os demais.

Nível de programa (Program Level)

O nível de programa amplia a visão do trabalho de equipes isoladas para uma coordenação mais complexa, onde diversas equipes colaboram para atingir objetivos maiores e integrados. 

Aqui, entram as Agile Release Trains (ARTs), que agrupam várias equipes ágeis, alinhadas em torno de um conjunto de metas comuns. A função do nível de programa é que essas equipes estejam sincronizadas e os esforços individuais estejam focados em atingir os marcos e metas do produto ou solução final.

Está incluso a utilização de práticas como o PI Planning (Program Increment Planning), onde os colaboradores se reúnem para planejar as entregas e os incrementos que serão desenvolvidos durante os próximos meses. 

A transparência nesse nível ajuda a identificar dependências, resolver problemas em tempo hábil e garantir a entrega do valor máximo aos clientes e à organização.

Large Solution SAFe

Esse nível é utilizado quando o Essential SAFe não é suficiente para atender a soluções muito grandes ou complexas. Ele foca na coordenação de várias equipes e ARTs que precisam trabalhar juntas para entregar soluções maiores, que requerem integração contínua e sincronização frequente. 

É um nível intermediário entre o nível de programa e o nível de portfólio, auxiliando organizações que precisam gerenciar soluções complexas em escala. O objetivo é coordenar a entrega de soluções maiores que envolvem várias ARTs e fornecedores, mantendo alinhamento e eficiência.

Portfolio SAFe

No nível de portfólio, o foco passa da execução e coordenação de tarefas para a gestão estratégica das iniciativas da organização. É nesse nível que as decisões sobre investimentos, prioridades e alocação de recursos são tomadas, assim, as iniciativas e os produtos desenvolvidos alinham-se com os objetivos de longo prazo da empresa.

Os Epic Owners e as equipes de liderança desempenham papéis centrais nesse nível, decidindo quais projetos e iniciativas devem receber mais atenção e recursos, com base no retorno sobre o investimento (ROI) e no impacto estratégico. 

Este nível também envolve o alinhamento contínuo entre as áreas de negócios e TI, assegurando que o desenvolvimento de software esteja contribuindo diretamente para os objetivos corporativos, como a expansão de mercado ou a inovação de produtos.

Princípios do SAFe

Os princípios que regem o SAFe são inspirados nas metodologias ágeis, mas com uma ênfase significativa na tomada de decisões. Em muitas organizações tradicionais, as decisões são centralizadas na alta gestão, que pode não estar ciente dos desafios enfrentados pelas equipes operacionais. 

Descentralização

O SAFe promove a descentralização das decisões, permitindo que as equipes participem do processo, levando em consideração não apenas o lucro, mas também a produtividade e a inovação.

Pensamento sistêmico

O pensamento sistêmico é um aspecto do SAFe. Ele permite que as equipes considerem o impacto de suas decisões em toda a organização, promovendo boa comunicação e um melhor alinhamento.

Visão econômica

Outro princípio importante é a visão econômica, que assegura que a entrega rápida de valor e a produtividade resultem em economia. Embora o SAFe reconheça a importância de maximizar os lucros, ele também promove o entendimento mais abrangente sobre como a estrutura organizacional e a colaboração impactam os resultados.

Incrementos de valor rápido e integrado

Os desenvolvimentos devem ser realizados em pequenos incrementos de valor, permitindo feedback contínuo e rápida iteração para responder às mudanças e ajustes.

Benefícios do SAFe

Os benefícios do SAFe são semelhantes aos do Agile, mas adaptados para contextos de grande escala. Os principais incluem:

  • Aumento da produtividade: as equipes se tornam mais produtivas devido à colaboração e comunicação clara.
  • Entrega contínua: o framework facilita a entrega constante de valor ao cliente.
  • Maior capacidade de inovação: o SAFe estimula uma cultura de inovação, permitindo que as equipes se adaptem rapidamente a mudanças e implementem novas ideias.

Desafios da Implementação do SAFe

Apesar de suas vantagens, a implementação do SAFe não é isenta de desafios.

Cultura organizacional

A cultura organizacional de muitas empresas, especialmente aquelas que sempre seguiram o modelo de gestão em cascata, enfrentam desafios ao tentar adotar metodologias ágeis. Essas organizações, tradicionalmente mais engessadas, possuem mentalidades e processos pré-estabelecidos que dificultam a mudança para um modelo mais dinâmico. 

Para implementar o ágil de forma bem-sucedida, elas precisam estar dispostas a revisar e ajustar seus processos e mentalidades, o que envolve não apenas mudanças operacionais, mas também uma transformação cultural que permita a experimentação, a colaboração e a adaptação contínua.

Resistência à mudança

A resistência à mudança é comum em qualquer transformação organizacional, porém, existe uma grande importância na adesão dos funcionários para o sucesso da implementação do SAFe. A gestão deve estar ciente de que mudanças estruturais podem ser difíceis e exigir tempo e paciência.

Comunicação e alinhamento

Quando equipes acostumadas à autonomia do Scrum são obrigadas a se comunicar e alinhar suas decisões, podem surgir problemas de coordenação, impactando as entregas e a eficiência dos projetos.

Características semelhantes entre SAFe e outros frameworks

O SAFe, o Scrum e o Kanban compartilham fundamentos ágeis, como:

  • Escopo de aplicação: o Scrum é projetado para pequenas equipes (geralmente de 5 a 10 pessoas), enquanto o SAFe é voltado para grandes organizações e projetos complexos.
  • Flexibilidade: todos os frameworks são adaptáveis e não devem ser vistos como ‘receitas’ fixas. É importante personalizar as práticas de acordo com as necessidades específicas de cada organização.
  • Integração: em ambientes grandes, é comum utilizar o SAFe em conjunto com outras abordagens, como o Scrum, em equipes menores, permitindo uma abordagem híbrida que maximize os benefícios de cada método.

O SAFe é uma metodologia para gerenciar projetos complexos de maneira ágil e integrada. Embora a implementação possa ser desafiadora, em relação à cultura organizacional e à comunicação, os benefícios potenciais em termos de produtividade, inovação e entrega contínua fazem do SAFe uma abordagem valiosa para empresas se adaptarem em um ambiente em constante mudança. 

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Adriane Ferreira Cordeiro Tomio

Adriane Ferreira Cordeiro Tomio

Com mais de 10 anos de experiência em tecnologia, se especializou em desenvolvimento de produtos digitais e metodologias ágeis. Sua formação inclui uma pós-graduação em Gestão de Equipes de Alta Performance e possui certificações em Scrum e Product Analytics. Atualmente, é Scrum Master na Lyncas, focando na entrega de produtos eficientes e inovadores.

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