O Scrum faz parte do conjunto mais amplo de práticas e princípios conhecidos como metodologias ágeis. Seu objetivo é melhorar a flexibilidade e a capacidade de resposta das equipes de desenvolvimento às mudanças e demandas dos stakeholders.
Como framework, fornece um conjunto de regras para gerenciar projetos complexos e adaptativos. O relatório 17º State of Agile afirma que 63% das empresas utilizam essa metodologia.
O conceito tem suas raízes na década de 90, fortemente ligada ao campo do desenvolvimento de software, mas aplicável a outras áreas também. Introduzido por Jeff Sutherland e Ken Schwaber, que, em 1995, o apresentaram em uma conferência sobre métodos ágeis.
O nome “Scrum” é derivado do termo no rugby para descrever uma formação de jogadores que se juntam para avançar a bola. Ele está ligado ao trabalho em equipe e à colaboração intensa necessária para avançar em um projeto complexo.
Na prática, no desenvolvimento de um novo aplicativo para gerenciar tarefas, o Scrum é utilizado para organizar e otimizar esse trabalho. A equipe Scrum é composta pelo Product Owner (PO), que representa os clientes e define as prioridades das funcionalidades, o Scrum Master, que facilita o processo e remove impedimentos, e a equipe de desenvolvimento, que são responsáveis pela implementação das funcionalidades.
Leia o artigo a seguir sobre cada aspecto dos profissionais que compõem o Scrum, sua importância e como as tarefas são entregues dentro do projeto para obter os melhores resultados.
Neste artigo você vai ver:
Os papéis fundamentais em SCRUM
De acordo com o livro Scrum – a arte de fazer o dobro de trabalho na metade do tempo, escrito por Jeff Sutherland, “ou você faz parte da equipe e está fazendo o trabalho [Time de desenvolvimento] ou é o Scrum Master, que ajuda a equipe a descobrir como trabalhar melhor; ou, então, você é o Dono do Produto (PO), que decide que trabalho deve ser feito. Ele (ou ela) é o dono da lista de pendências, do que está ali e, o mais importante, em que ordem”.
O Scrum define três papéis principais no funcionamento: o Product Owner (PO), o Scrum Master e o Time de Desenvolvimento. Cada um desses papéis tem responsabilidades específicas que, quando bem executadas, garantem o sucesso do projeto.
Product Owner (PO)
Segundo Scott Maxwell, fundador da OpenView Venture Partners, a parte mais difícil não é descobrir o que você quer conseguir, é descobrir como você pode conseguir isso.
Neste caso, o Product Owner (PO) é responsável por definir e priorizar as funcionalidades do produto, detendo um conhecimento profundo do mesmo e atuando como a principal fonte de informações. Além disso, o PO cria e mantém o Product Backlog, uma lista priorizada de requisitos e funcionalidades a serem desenvolvidas.
Deve assegurar que o backlog esteja claro e compreendido pelo time de desenvolvimento, assegurando que as prioridades estejam alinhadas com os objetivos de negócio.
O PO também negocia e ajusta expectativas quando necessário, colaborando com o time para alcançar as melhores entregas possíveis. Ainda fica com a responsabilidade de rever e aceitar (ou rejeitar) o trabalho concluído pela equipe de desenvolvimento, com base nos critérios de aceitação definidos na Estrutura Analítica de Projeto (EAP).
Scrum Master
Um termo frequentemente utilizado para definir o Scrum Master é ‘líder servidor’. Isso se deve ao fato de que ele ocupa uma posição de liderança, com uma das principais funções sendo servir a equipe. Seja removendo impedimentos ou promovendo ações para o desenvolvimento profissional e pessoal dos membros do time.
Ainda sobre os insights do livro, o Scrum Master e a equipe são responsáveis pela rapidez com que estão produzindo e como podem aumentar a velocidade. Diariamente, ele faz três perguntas para cada um do time:
- O que você fez ontem para ajudar a equipe a concluir o sprint?
- O que você vai fazer hoje para ajudar a equipe a concluir o sprint?
- Existe algum obstáculo impedindo você ou a equipe de alcançar o objetivo do sprint?
O Scrum Master trabalha em estreita colaboração com o PO para entender o backlog e ajudar a organizá-lo. Além disso, promove a melhoria contínua dentro da equipe, para que os processos sejam seguidos e que o time esteja bem alinhado e motivado. Também age como um intermediário para resolver conflitos e garantir que o ambiente de trabalho seja colaborativo.
Time de Desenvolvimento
Jeff Sutherland aborda, no livro, como o Scrum acolhe a incerteza e estimula a criatividade. Ele explica sobre a estrutura em volta do processo de aprendizagem para permitir que as equipes avaliem o que já criaram e de que forma o criaram.
Complementa dizendo que “a estrutura do Scrum busca aproveitar a maneira como as equipes realmente trabalham, dando a elas as ferramentas para se auto-organizar e, o mais importante, aprimorar rapidamente a velocidade e a qualidade de seu trabalho”.
O time de desenvolvimento é composto pelos profissionais que trabalham diretamente na criação do produto. Eles são responsáveis por transformar os itens do backlog em incrementos funcionais e utilizáveis.
A equipe deve ser autogerenciável e interfuncional, possuindo as habilidades necessárias para completar o trabalho dentro da sprint, na tradução literal, corrida de velocidade de curta distância.
É importante que o time mantenha a transparência sobre o progresso e as estimativas das tarefas, ajustando-se conforme necessário para garantir a entrega de valor no final de cada sprint.
Ciclos de sprint e incremento contínuo
Entre os ciclos dentro do Scrum estão a reunião de planejamento do sprint, onde o trabalho a ser realizado é definido, chamadas de planning. As reuniões diárias, ou “daily stand-ups”, onde a equipe sincroniza o progresso e discute obstáculos. A revisão do sprint, comumente chamada de review, onde o trabalho concluído é demonstrado e feedback é obtido. E a retrospectiva do sprint, carinhosamente apelidada de retro, a equipe reflete sobre o processo e identifica oportunidades de melhoria.
Essa abordagem permite que as equipes recebam feedback quase imediato sobre o trabalho realizado. As questões centrais são: o time está na direção certa? O que planejam fazer a seguir é realmente o que deveriam, considerando o que aprenderam no ciclo atual?
Cada início de sprint é marcado por uma reunião de planejamento, onde a equipe decide quanto trabalho pode realizar nas próximas semanas, costumeiramente os ciclos são quinzenais. As tarefas prioritárias são selecionadas e a equipe estabelece o volume de tarefas que acredita ser capaz de concluir nesse período.
Ao final da sprint, a equipe se reúne para revisar o progresso. Eles avaliam quanto do trabalho foi realmente completado. Será que escolheram tarefas demais e não conseguiram terminar todas? Ou foram poucas? O objetivo é começar a estabelecer uma base para entender o ritmo de trabalho e a velocidade alcançada.
Após a apresentação dos resultados, a equipe discute o que foi feito e como foi feito. Eles se perguntam: “Como podemos melhorar no próximo sprint? Quais obstáculos tivemos que superar? O que está diminuindo nossa velocidade?”
O objetivo é garantir que todos saibam exatamente em que ponto estão no sprint, se todas as tarefas serão concluídas no prazo e se há oportunidades para ajudar colegas a superar obstáculos. A equipe é autônoma e toma as decisões necessárias para o progresso, sem imposições externas.
A importância da retrospectiva da sprint
A reunião de retrospectiva da Sprint é uma ação no Scrum que ocorre no final de cada sprint. O objetivo, que corresponde à “verificação” do ciclo PDCA, é refletir sobre o trabalho realizado e identificar oportunidades de melhoria.
Durante a retrospectiva, a equipe discute o que funcionou bem, o que poderia ser melhorado e quais obstáculos foram enfrentados. É um momento para analisar os processos, verificar a eficiência geral do trabalho e a implementação de melhorias contínuas que podem ajudar a equipe a trabalhar com maior qualidade.
Se uma técnica ou prática não está funcionando, ela pode ser modificada ou substituída, como melhorar a comunicação, ajustar a forma como as tarefas são priorizadas ou resolver questões de colaboração.
A retrospectiva é uma oportunidade para resolver problemas e aprimorar o ambiente de trabalho, o que pode ter um impacto positivo na moral da equipe e na qualidade das entregas.
O Scrum Master faz com que a retrospectiva seja um espaço seguro e produtivo, onde todos possam contribuir para o aprimoramento contínuo. A implementação das ações acordadas nas retrospectivas ajuda a equipe a evoluir e se tornar mais eficiente ao longo do tempo.
O que o Scrum tem a oferecer?
Ainda no livro “Scrum – a arte de fazer o dobro de trabalho na metade do tempo”, Jeff explica que “as equipes Scrum que trabalham bem conseguem obter o que chamamos de “hiperprodutividade”; é difícil acreditar, mas costumamos ver uma melhora entre 300% e 400% na produtividade entre as que executam bem o Scrum”.
O Scrum estabelece uma estrutura para gerenciar projetos, porém, não prescreve exatamente como todas as tarefas devem ser realizadas, permitindo adaptar suas práticas conforme necessário. O relatório “16 Amazing Agile Statistics” afirma que os projetos Agile são quase 1,5 vezes mais bem-sucedidos do que os projetos em cascata.
Ele também promove a flexibilidade e a adaptabilidade, permitindo que as equipes respondam a mudanças e entreguem valor contínuo. Assim, todos os envolvidos estarão alinhados e focados nas metas do projeto.
Você já ouviu falar sobre esse framework ágil? E, a propósito, confira o texto sobre como a fusão das características do Scrum com o Kanban pode trazer benefícios ao seu negócio.