Transformando desafios em oportunidades: A modernização tecnológica no setor de seguros

O setor de seguros movimentou R$ 388,03 bilhões no Brasil em 2023 e tem projeção de atingir R$ 747,3 bilhões em 2024, segundo dados da CNseg. Apesar desse crescimento expressivo — um avanço de 9% em relação ao ano anterior —, muitas seguradoras enfrentam barreiras críticas relacionadas à modernização de suas operações. A necessidade de atualizar sistemas e processos ultrapassa a ideia de evolução tecnológica: é uma exigência para que essas empresas permaneçam competitivas em um mercado cada vez mais digital.

Um dos maiores desafios para as seguradoras está na dependência de sistemas antigos, os chamados sistemas legados. Segundo um estudo da Astera, apenas uma em cada dez seguradoras possui menos de 50% de sua infraestrutura baseada em tecnologia ultrapassada. Essa realidade representa não apenas uma limitação técnica, mas também um peso financeiro. Dados da Insurtalks mostram que entre 70% e 80% dos orçamentos de TI das seguradoras são direcionados à manutenção desses sistemas, o que reduz drasticamente os recursos disponíveis para inovação.

O impacto dos sistemas antigos na operação das seguradoras 

Os problemas gerados pela obsolescência tecnológica vão além da infraestrutura. Sistemas que não “conversam” entre si criam silos de dados, dificultando a obtenção de informações consolidadas e a tomada de decisões baseadas em dados confiáveis. A ausência de integração entre tecnologias modernas e legados resulta em duplicidade de informações, inconsistências e uma visão incompleta do negócio.

A complexidade operacional gerada por esses sistemas afeta diretamente a agilidade das seguradoras. Processos tornam-se mais lentos, menos flexíveis e incapazes de acompanhar as demandas do mercado. Além disso, a falta de compatibilidade com tecnologias emergentes, como inteligência artificial, blockchain e IoT, limita o potencial das seguradoras em explorar novas oportunidades de mercado e atender às expectativas dos consumidores modernos.

Benefícios da atualização tecnológica no setor de seguros

A atualização dos sistemas pode gerar resultados significativos para as seguradoras. De acordo com a Insurtalks, a modernização pode reduzir os custos de TI por apólice em até 41% e aumentar a produtividade operacional em 40%. Soluções como APIs e plataformas digitais permitem que as seguradoras atualizem suas operações de forma gradual, mantendo parte da infraestrutura existente, o que reduz o impacto financeiro e operacional dessa transição.

Esse processo é uma oportunidade para eliminar gargalos, facilitar a integração de novos recursos e melhorar a eficiência geral. Além disso, modernizar os sistemas possibilita que as seguradoras adotem processos automatizados, melhorem a precisão na análise de dados e ofereçam um atendimento mais ágil e confiável.

O impacto direto na experiência do cliente

Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade e agilidade no atendimento. No entanto, a inércia tecnológica ainda impede muitas seguradoras de entregar uma experiência satisfatória. Processos lentos, burocráticos e pouco integrados são reclamações comuns que prejudicam a satisfação do cliente e afetam a fidelização.

Ao modernizar sua infraestrutura tecnológica, as seguradoras podem:

  • Reduzir o tempo de resposta no processamento de sinistros e solicitações.
  • Oferecer maior transparência sobre o status de atendimentos.
  • Personalizar a oferta de produtos com base em dados reais e atualizados.
  • Simplificar os canais de atendimento, proporcionando uma experiência mais fluida.

Essas melhorias fortalecem a confiança dos clientes, ampliam a retenção e criam condições para explorar novas oportunidades de negócio.

Cinco barreiras críticas causadas pela obsolescência tecnológica

  1. Infraestrutura ultrapassada

Manter sistemas antigos gera custos elevados, exige especialistas em tecnologias pouco utilizadas e aumenta a vulnerabilidade a ataques cibernéticos. Além disso, a escalabilidade é limitada, dificultando a adaptação às demandas de um mercado em constante evolução.

  1. Silos de dados

A fragmentação da informação entre diferentes sistemas impede uma visão integrada do cliente, reduzindo a eficiência operacional e dificultando análises preditivas. Essa desconexão também afeta a personalização de ofertas e a tomada de decisões estratégicas.

  1. Complexidade operacional

A falta de automação e padronização nos processos aumenta os custos e reduz a eficiência. Mudanças operacionais, mesmo que pequenas, tornam-se demoradas e complicadas, prejudicando a capacidade de resposta às novas demandas do mercado.

  1. Processos burocráticos

A morosidade no atendimento e a falta de integração entre etapas geram frustração para clientes e colaboradores. Processos excessivamente complexos dificultam a retenção de talentos e afetam negativamente a reputação da empresa.

  1. Falta de integração entre plataformas

Sistemas que não se comunicam criam redundâncias, prejudicam a automação e comprometem a experiência do cliente. Essa desconexão impede que as seguradoras aproveitem o pleno potencial das tecnologias disponíveis.

A modernização tecnológica não é um luxo para o setor de seguros; é uma necessidade. Enfrentar os desafios impostos por sistemas antigos e investir em soluções modernas é fundamental para que as seguradoras permaneçam relevantes em um mercado em rápida transformação. Ignorar essa necessidade é arriscar a própria sobrevivência em um cenário onde eficiência, agilidade e experiência do cliente são fatores determinantes para o sucesso.

Cleyton Hort

Cleyton Hort

Cristão, marido, pai de três filhos, CEO e co-fundador da Lyncas, e flamenguista! Atua na gerência de projetos, com certificação PMP (Project Management Professional) e acredita que a ética e o respeito às pessoas são a base de qualquer relação sólida e duradoura. Ama curtir momentos em família e torcer pelo time de coração. Somos raça, amor e paixão!

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