As metodologias ágeis, como Scrumban, são bastante populares no desenvolvimento de software e em outros setores devido aos seus benefícios em relação às abordagens mais tradicionais.
Empresas que adotam com sucesso a agilidade empresarial podem melhorar o desempenho financeiro em 20–30 por cento, de acordo com a pesquisa da McKinsey.
Combinando quadros brancos, post-its e o gerenciamento visual do Kanban, com a estrutura iterativa e as cerimônias do Scrum, o Scrumban oferece uma abordagem híbrida que aproveita o melhor de ambos os métodos.
No artigo a seguir, descubra o que é o Scrumban, como funciona a priorização e a gestão de fluxo e os desafios comuns que as equipes enfrentam ao adotá-lo. Confira!
Neste artigo você vai ver:
O que é o Scrumban?
Scrumban é um método que surgiu por Corey Ladas em seu livro “Scrumban: Ensaios sobre Sistemas Kanban para o Desenvolvimento de Software Enxuto”. Nessa obra, o autor diz que concebeu o Scrumban como uma forma de transição para que uma equipe de desenvolvedores pudesse migrar do Scrum para o Kanban, ou de forma mais ampla, para os métodos enxutos.
No Scrumban, a priorização das tarefas segue o processo do Scrum, com o backlog sendo organizado e priorizado. A gestão de fluxo é realizada através do quadro Kanban, que visualiza as etapas do trabalho e limita o número de tarefas em progresso. Desse modo, mantém um fluxo contínuo e a identificação e resolução rápida de quaisquer impedimentos que possam surgir.
Priorização e gestão de fluxo
O Scrumban pode ser aplicado a qualquer tamanho de projeto, desde pequenos projetos de equipe até grandes iniciativas em empresas. Ele se adapta bem a equipes que precisam se ajustar às necessidades específicas e melhorar a visibilidade e transparência no que está sendo desenvolvido.
Os papéis principais do Scrum ainda podem ser mantidos, como o Scrum Master, Product Owner (PO) e o time de desenvolvimento. Podendo haver a inclusão do gestor ou facilitador, que realiza a análise das métricas e faz o monitoramento do fluxo de trabalho para identificar gargalos e áreas que precisam de melhorias.
A principal diferença é que o Kanban é adicionado para aprimorar a gestão do fluxo e a visibilidade, sem alterar significativamente a distribuição dos papéis no time.
O quadro Kanban no Scrumban é dividido em diferentes etapas do fluxo de trabalho (por exemplo, “A Fazer”, “Em Progresso”, “Em Revisão”, “Concluído”). Cada uma dessas etapas tem um limite máximo de tarefas que podem estar em progresso simultaneamente. Estes limites são chamados de limites de WIP (Work In Progress).
O objetivo é evitar que o time fique sobrecarregado com muitas tarefas ao mesmo tempo e garantir que cada tarefa receba a devida atenção e seja concluída antes que novas tarefas sejam iniciadas.
Os limites de WIP podem ser ajustados conforme necessário para refletir a capacidade da equipe e as necessidades do projeto. Se a equipe está enfrentando dificuldades para concluir as tarefas rapidamente, pode ser útil reduzir o limite de WIP para ajudar a focar mais em concluir tarefas existentes.
Quando um limite de WIP é alcançado em uma determinada etapa, novas tarefas não podem ser iniciadas até que algumas das tarefas em andamento sejam concluídas. Isso facilita a identificação de gargalos e impedimentos no fluxo de trabalho, pois é mais evidente quando uma etapa está sobrecarregada.
Adoção de métricas para melhoria contínua
O Scrumban adota métricas específicas, como lead time, cycle time e throughput (rendimento), para obter dados concretos sobre o desempenho da equipe e entregas ágeis e eficientes.
Lead time
É o tempo total desde a solicitação ou adição de uma tarefa ao backlog até a sua conclusão. Inclui o tempo de espera antes que o trabalho comece e o tempo ativo de desenvolvimento ou produção.
Foca na experiência do cliente e na percepção geral de quanto tempo leva para entregar uma tarefa, incluindo todas as fases, desde a solicitação até a entrega final.
Aqui, a “Data de Início” é o momento em que a tarefa é formalmente iniciada no backlog ou solicitada, e a “Data de Conclusão” é o momento em que a tarefa é finalizada e entregue.
Exemplos práticos:
- Criação de conteúdo: uma equipe de marketing usa Scrumban para gerenciar a criação e publicação de conteúdo. Eles rastreiam o tempo desde a fase de “Planejamento” até a publicação. Se um post de blog é planejado em 3 de setembro e publicado em 12 de setembro, o lead time é de 9 dias.
- Projetos de construção: o lead time é medido desde o início da fase de “Fundação” até a conclusão da fase de “Finalizado”. Por exemplo, se a fase de “Fundação” começa em 5 de setembro e a fase de “Finalizado” termina em 25 de setembro, o lead time é de 20 dias.
Cycle time
O cycle time é o tempo total gasto para concluir uma tarefa desde o início do seu desenvolvimento até a sua conclusão. Em outras palavras, é o tempo efetivo que leva para transformar uma tarefa em uma entrega concluída, excluindo o tempo em que a tarefa está esperando para ser iniciada.
Foca no tempo de trabalho ativo e produtivo. Mede a eficiência do processo de desenvolvimento ou de produção, mostrando quanto tempo leva para finalizar uma tarefa uma vez que o trabalho tenha começado.
Exemplos práticos:
- Desenvolvimento de software: se uma equipe de desenvolvimento começa a trabalhar em uma funcionalidade no dia 1 e a conclui no dia 5, o cycle time para essa funcionalidade é de 4 dias.
- Suporte ao cliente: se um pedido de suporte é recebido no dia 1 e resolvido no dia 3, o cycle time para esse pedido é de 2 dias.
Throughput
Mede o número de tarefas concluídas em um determinado período. É uma métrica que indica a capacidade de entrega da equipe e permite avaliar a produtividade geral. A análise do throughput ajuda a equipe a identificar tendências no volume de trabalho concluído e a ajustar suas práticas para melhorar a capacidade de entrega.
Por exemplo, se o lead time está aumentando, isso pode sinalizar que há gargalos no processo ou que a fila de espera está muito longa. O cycle time elevado pode sugerir que etapas específicas do desenvolvimento estão levando mais tempo do que o esperado, enquanto uma baixa taxa de throughput pode indicar problemas de capacidade ou eficiência.
7 benefícios da integração da metodologia Scrumban
De acordo com a pesquisa da McKinsey mencionada anteriormente, organizações que adotam com sucesso a agilidade empresarial são sustentadas por uma melhoria de 30–50 por cento no desempenho operacional, um aumento na pontuação de satisfação do cliente de 10–30 pontos e um aumento na pontuação de engajamento dos funcionários de 20–30 pontos.
A integração da metodologia Scrumban oferece outros benefícios. Aqui estão alguns dos principais:
Flexibilidade e adaptação
O Scrumban proporciona a flexibilidade do Kanban com a estrutura do Scrum. Permite que as equipes adaptem o processo respondendo rapidamente a mudanças ou a alguma nova prioridade.
Melhoria contínua
Assim como o Scrum, Scrumban promove a prática de revisões e retrospectivas regulares, facilitando a melhoria contínua dos processos e das práticas da equipe.
Visualização do trabalho
O uso de um quadro Kanban ajuda a visualizar o fluxo de trabalho, identificar gargalos e gerenciar a capacidade da equipe, melhorando a transparência e a comunicação.
Redução de interrupções
Scrumban permite a gestão do trabalho em progresso (WIP) por meio de limites definidos, o que ajuda a minimizar interrupções e a manter o foco na conclusão das tarefas.
Entrega contínua
Em vez de ciclos de trabalho fixos como os sprints no Scrum, o Scrumban promove uma abordagem de entrega contínua, permitindo que a equipe entregue valor de forma mais constante e previsível.
Facilitação de transição
Para equipes que já utilizam Scrum ou Kanban, a transição para o Scrumban pode ser mais suave e menos disruptiva do que uma mudança completa para uma nova metodologia.
Capacidade de escalabilidade
Scrumban pode ser adaptado para diferentes tamanhos e tipos de projetos, permitindo que equipes de vários tamanhos e complexidades aproveitem seus benefícios.
Quais são os desafios que as equipes enfrentam ao adotar o Scrumban?
Adotar o Scrumban pode oferecer uma ótima combinação entre a flexibilidade do Kanban e a estrutura do Scrum, mas também apresenta desafios específicos, especialmente no contexto de trabalho remoto.
Um dos principais obstáculos é a dificuldade de substituir o uso de quadros brancos e post-its, que são comuns em ambientes presenciais, por ferramentas digitais.
Para superar isso, usar plataformas como Trello, Jira ou Asana permitem criar quadros virtuais, cartões e listas, facilitando a visualização e o gerenciamento das tarefas à distância.
Outros desafios comuns incluem a resistência à mudança, especialmente em empresas mais tradicionais, onde a introdução da metodologia pode causar desconforto.
Além disso, a transparência promovida pelo Kanban pode gerar insegurança entre os membros da equipe, que podem temer a exposição de sua produtividade.
Superar esses desafios envolve educar a equipe sobre os benefícios da metodologia e garantir que todos entendam que a transparência visa melhorar o processo, não controlar a produtividade.
Organizações ágeis bem-sucedidas, de qualquer tamanho e em todos os setores, adotam uma abordagem semelhante a cinco elementos-chave: estratégia, estrutura, processo, pessoas e tecnologia.
Estratégia
Organizações ágeis têm uma estratégia bem definida que orienta todos os níveis da organização. O PETI estabelece os objetivos para TI, alinhando-os com a estratégia geral da empresa.
Em ambientes ágeis, o plano é revisado frequentemente para incorporar feedback e mudanças no mercado, mantendo a flexibilidade e a capacidade de resposta.
Estrutura
Frequentemente envolvem equipes multifuncionais e auto-organizáveis, que possuem a autonomia para tomar decisões e adaptar seus processos conforme necessário.
Processo
Em vez de processos lineares e predefinidos, as organizações ágeis adotam processos iterativos e incrementais, que permitem ajustes e melhorias contínuas.
Pessoas
A organização investe no desenvolvimento contínuo das pessoas, promovendo uma cultura de aprendizagem e capacitação. Equipes são incentivadas a adquirir novas habilidades e conhecimentos.
Tecnologia
Utilizam ferramentas tecnológicas que suportam práticas ágeis, como gerenciamento de projetos, comunicação e colaboração em tempo real, análise de dados e automação de processos.Não quer se arriscar e precisa avaliar a aplicação da metodologia ágil na sua empresa?
Baixe o modelo da matriz de maturidade ágil e coloque no papel os tópicos para se sentir seguro na sua decisão.
