O setor de fintechs atravessa uma fase de crescimento acelerado, com números impressionantes tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. Relatórios recentes mostram que o mercado de pagamentos digitais deve atingir US$ 9 trilhões em transações globais em 2024, com uma projeção de US$ 14,7 trilhões até 2027, impulsionado especialmente pelas economias emergentes.
No entanto, para acompanhar esse ritmo, as fintechs precisam superar um desafio decisivo: expandir suas operações sem comprometer a sustentabilidade e a eficiência do negócio.
Neste artigo você vai ver:
2025: um cenário ainda mais desafiador
Os desafios previstos para 2024 prometem ganhar ainda mais complexidade em 2025. Diversos fatores devem intensificar as demandas enfrentadas pelas fintechs, exigindo uma combinação de estratégias, inovação e investimentos para acompanhar o ritmo do mercado.
Novas Tecnologias e a Necessidade de Adaptação Rápida
O uso de tecnologias como inteligência artificial generativa, blockchain, Web3 e finanças descentralizadas (DeFi) deve se tornar parte central para as operações das fintechs.
Segundo o Gartner, mais de 70% das empresas adotarão estratégias de multicloud até 2025para garantir escalabilidade e resiliência no ambiente digital. Apesar das grandes possibilidades de otimização, a implementação dessas ferramentas exige altos investimentos em infraestrutura, cibersegurança e qualificação de equipes.
A falta de profissionais especializados nessas áreas já é um desafio, e a tendência é que se torne ainda mais crítica, limitando o crescimento de muitas empresas.
O Crescimento Explosivo do Volume de Dados
O aumento contínuo no volume de dados gerados pelas fintechs também traz novos desafios. Estimativas da IDC indicam que, até 2025, o mundo atingirá 181 zettabytes de dados criados, copiados ou consumidos. Gerenciar, processar e transformar essa avalanche de informações em insights úteis será essencial, mas não simples.
As empresas precisarão equilibrar tecnologia de ponta, como Big Data e Data Analytics, com o cumprimento rigoroso de legislações como a LGPD no Brasil e o GDPR na Europa. A capacidade de unir inovação e conformidade regulatória será um diferencial importante no cenário onde a governança de dados ganha cada vez mais relevância.
A Complexidade Regulatória em Ascensão
Conforme o setor adota novas tecnologias e amplia sua atuação, as regulamentações também evoluem.
Questões envolvendo criptoativos, DeFi e stablecoins devem ganhar destaque em 2025, com regulações que variam entre jurisdições e podem dificultar operações globais. Soluções de RegTech, que utilizam IA e Machine Learning para automatizar processos de compliance, tendem a se popularizar como uma forma de lidar com essas exigências.
O relatório “Global Regulatory Outlook 2025”, da Deloitte, aponta que o uso dessas tecnologias será indispensável para fintechs que buscam agilidade sem comprometer a conformidade legal.
A Personalização Extrema da Experiência do Cliente
O que os consumidores esperam de serviços financeiros em 2025 vai além do que muitos oferecem atualmente. A personalização hiper-avançada será a regra, impulsionada por inteligência artificial e análises em tempo real.
Produtos e serviços precisam ser adaptados a perfis individuais, entregues por meio de uma experiência fluida e relevante.
De acordo com a Salesforce, 88% dos clientes desejam que as empresas acelerem suas iniciativas digitais, enquanto 73% esperam ser compreendidos de forma precisa. Para atender a essas expectativas, fintechs precisarão de tecnologias ágeis e uma infraestrutura que permita uma adaptação quase instantânea às demandas dos usuários.
Crescimento acelerado, desafios reais
O crescimento das startups de finanças digitais vem acompanhado de oportunidades expressivas, mas também de obstáculos que pressionam a sustentabilidade operacional e a confiança dos clientes.
Em 2024, essas dificuldades já se mostram evidentes, e as tendências apontam para uma intensificação em 2025. Três fatores principais se destacam nesse cenário: a gestão de equipes, a confiabilidade tecnológica e a capacidade de inovar em ritmo competitivo.
Equipes sobrecarregadas e a crise de talentos
A corrida por resultados rápidos e a necessidade de adaptação constante geram um ambiente de trabalho que pode ser difícil de sustentar. Para as fintechs, esse problema se agrava com a escassez de profissionais em áreas-chave como segurança cibernética, desenvolvimento de software e análise de dados.
Um estudo da Brasscom estima um déficit de mais de meio milhão de profissionais de TI no Brasil até 2025, revelando o tamanho do desafio.
Com a alta rotatividade, as empresas enfrentam custos elevados de reposição, perda de conhecimento estratégico e redução da eficiência. O custo de substituir um profissional especializado pode chegar a 200% de seu salário anual, segundo a consultoria Robert Half, levando em conta despesas de recrutamento, treinamento e o impacto na produtividade.
Para além da remuneração, os profissionais buscam um ambiente de trabalho mais equilibrado, com oportunidades de crescimento e uma cultura organizacional que valorize suas contribuições. Empresas que não atenderem a essas demandas correm o risco de perder talentos para concorrentes mais atrativos..
Confiabilidade tecnológica e retenção de clientes
No universo das plataformas de serviços financeiros, a confiança do cliente é construída, em grande parte, pela experiência oferecida. Aplicativos instáveis, sistemas lentos e falhas em transações comprometem não apenas a satisfação, mas também a retenção de usuários. Em um cenário onde o Open Finance facilita a troca de provedores, os consumidores têm baixa tolerância a erros.
A infraestrutura tecnológica precisa acompanhar o crescimento. Estimativas da IDC indicam que, até 2025, a maior parte das interações entre clientes e empresas ocorrerá em ambientes digitais. Nesse contexto, qualquer falha pode significar a perda de mercado para concorrentes mais preparados. Métricas como tempo de resposta e taxa de erros tornam-se centrais para medir o desempenho e ajustar estratégias rapidamente.
Adaptação e inovação como prioridade
A competição no setor financeiro vai além das startups. Grandes empresas de tecnologia e bancos tradicionais investem cada vez mais em digitalização e produtos diferenciados, tornando o ambiente ainda mais desafiador. A morosidade no lançamento de novas soluções e a dificuldade em atender às regulamentações podem resultar em estagnação e perda de participação no mercado.
Relatórios da KPMG mostram que dois terços dos CEOs do setor financeiro consideram a inovação uma prioridade estratégica, destacando a importância de se manter à frente em um mercado em constante transformação. Para 2025, a capacidade de se reinventar rapidamente e adaptar produtos às mudanças regulatórias e às demandas dos clientes será decisiva.
Os desafios da escalabilidade em 2025
A escalabilidade, objetivo central para empresas financeiras digitais em expansão, encontra barreiras cada vez mais complexas ao longo do tempo. Entre os principais desafios para 2024 e 2025, destacam-se:
Infraestrutura tecnológica pressionada pelo crescimento
- Muitas empresas financeiras digitais ainda dependem de sistemas legados, o que dificulta a escalabilidade e a integração de novas tecnologias, como computação serverless e microsserviços.
- Estimativas indicam que, até 2025, 95% das iniciativas digitais adotarão arquiteturas nativas da nuvem, em comparação com 40% em 2021. Isso demanda investimentos significativos e uma modernização urgente.
- A segurança em ambientes de nuvem será cada vez mais importante, com o aumento de ciberataques sofisticados, conforme apontado pela Check Point Research.
Regulamentações em constante transformação
- A conformidade com legislações como LGPD, GDPR e CCPA já representa um grande desafio, mas novas regras voltadas para criptoativos, DeFi e stablecoins devem intensificar as demandas regulatórias.
- O uso de tecnologias como IA e blockchain, por meio de soluções de RegTech, pode ajudar as empresas a automatizar processos de compliance, reduzir custos e minimizar riscos. Esse mercado deve crescer 23,6% ao ano até 2029, segundo a International RegTech Association.
Segurança de dados e novas ameaças
- A frequência e sofisticação de ataques como phishing, ransomware e exploração de vulnerabilidades em APIs continuam aumentando, com impactos financeiros significativos. O custo médio de uma violação de dados já ultrapassa US$ 4,45 milhões.
- A computação quântica começa a desafiar os sistemas de segurança atuais, exigindo a adoção de criptografia pós-quântica. O NIST já trabalha em padrões para proteger empresas contra essa nova ameaça.
- Ambientes multicloud e híbridos necessitarão de uma abordagem integrada e preditiva para segurança, com o uso de IA e Machine Learning para antecipar ataques antes que eles causem danos.
Estratégias para superar os desafios de escalabilidade e crescer de forma sustentável
Para superar os obstáculos e alcançar uma expansão sustentável, as empresas financeiras digitais podem adotar uma abordagem estratégica que contemple os seguintes pilares:
- Arquiteturas escaláveis e flexíveis:
- Migrar de sistemas monolíticos para microsserviços melhora a flexibilidade e a resiliência.
- O uso de containers e orquestradores como Kubernetes facilita o gerenciamento e a expansão das aplicações.
- Computação em nuvem híbrida e multicloud oferece elasticidade para lidar com picos de demanda e reduzir custos operacionais.
- Automação e cultura DevOps:
- Automatizar processos de desenvolvimento e operação reduz erros, aumenta a eficiência e acelera o tempo de lançamento de produtos.
- Adotar práticas DevOps promove integração entre equipes, entrega contínua e monitoramento eficiente em todas as etapas do ciclo de vida das aplicações.
- Segurança cibernética integrada:
- Incorporar o conceito de “Security by Design” garante que medidas de proteção estejam presentes desde o início do desenvolvimento de sistemas.
- Realizar testes regulares, adotar criptografia avançada e monitorar ameaças em tempo real são ações essenciais.
- Investir em treinamentos frequentes mantém as equipes atualizadas e preparadas para lidar com desafios de segurança.
- Gestão inteligente de dados:
- Implementar soluções de Big Data e Analytics permite coletar, processar e analisar grandes volumes de dados, gerando insights para personalização de serviços e decisões estratégicas.
- Governança de dados assegura a qualidade, integridade e conformidade com regulamentações como LGPD e GDPR.
- Foco na experiência do cliente:
- Colocar as necessidades do cliente no centro das decisões fortalece o engajamento e a fidelização.
- Coletar feedback, analisar o comportamento dos usuários e oferecer experiências personalizadas e omnichannel ajudam a criar interações mais fluidas e intuitivas.
- Desenvolvimento e retenção de talentos:
- Atrair e reter profissionais qualificados em áreas-chave, como IA, análise de dados e segurança, é essencial para manter a competitividade.
- Criar um ambiente de trabalho que valorize aprendizado contínuo e colaboração contribui para uma cultura organizacional sólida.
- Oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional ajuda a reduzir a rotatividade e a manter equipes engajadas.
Superar os desafios da escalabilidade exige mais do que soluções pontuais. É necessário um compromisso estratégico que equilibre tecnologia, segurança, gestão de talentos e inovação.
Empresas financeiras digitais que adotarem essa tendência estarão mais preparadas para enfrentar as demandas de um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.
Aquelas que enxergarem os obstáculos como oportunidades para construir bases sólidas e sustentáveis terão mais chances de se destacar, não apenas no presente, mas também nos próximos anos.
Consolidar-se como referência em um setor em constante evolução significa estar à frente em flexibilidade, confiabilidade e experiência do cliente, elementos fundamentais para o sucesso em 2025 e além.